Recuso-me a ser inventor.
Ontem, durante a  gravação do meu programa de TV, o entrevistado, um senhor bem vivido e  bem sucedido, disse uma frase que me chamou bastante a atenção: "no  mundo, não há mais o que inventar".
Confesso ter ficado perplexo por alfuns instantes.  Entretanto, mesmo sabendo que o mundo acadêmico é compulsivo por  novidades em teses e pesquisas, há uma pergunta que não quer calar: Será  que em vez de ficar se tentando, o tempo todo, reinventar as rodas, já  existentes há milênios, não seria melhor buscar a efetividade destas,  por meio de um aprofundamento aperfeiçoador? Até porque, o tempo tem nos  mostrado que a ansiedade tradicional pela busca da posteridade  individual tem nos nos dado como consequência, a banalização da  originalidade.
Com isso, a criatividade vem perdendo, a cada dia, o  brilho consolidador da inedicidade. Mesmo assim, todo dia, a cada hora,  todo mundo quer mostrar a qualquer custo, que colocou uma nova receita  na praça, apesar de continuar tendo como referenciais máximos, os mesmos  ídolos dos avós.
Vale salientar que, quem gosta de receita nova é o  impiedoso mercado que, por não fazer milagres nem oferecer almoço de  graça, só aceita resultados lucrativos imediatos como ganho irrevogável.
Nunca será demais lembrar que para cada nova receita necessita-se  de um novo rótulo para um novo público alvo. Quando na verdade, tudo o  que mais se precisa fazer, é aproveitar os escombros do passado para  erguer o presente e consolidar o futuro.
Não podemos nos esquecer jamais, de que os velhos trinômios: início-meio-fim, introdução-desenvolvimento- conclusão,  etc, mediante uma organização disciplinadamente planejada, serão  sempre, parâmetros irreversíveis na efetivação das perspectivas de  sucesso em qualquer projeto que tenha como fim, o bem-estar comum.
Do mesmo jeito que é corriqueiro se ouvir de um pai com  um filho problemático dizer pra mãe: "cuida do teu filho", se vê muito  nos confins desse imenso país, obras inacabadas e abandonadas, à espera  do bom senso continuador. O inchaço populacional desorganizado e  desordenado das grandes cidades como o DF por exemplo, só ocorreu por  causa da criação incontida dos novos acentamentos habitacionais sem  qualquer preocupação com a urbanização daqueles, já existentes.
Portanto, se quisermos uma humanidade evoluída e  sustentável, teremos que despir-mo-nos das nossas vaidades egocêntricas e  ilusórias para nos concentrar na busca consequente da funcionalidade  plena dos nossos inventos milenares, através de um constante estudo  redimensionador que nos livre da superficialidade e nos conduza à  profundidade dos campos de pesquisas.
O mundo não precisa mais de invenções milagrosas; o  mundo precisa de soluções operacionais e, enquanto a invenção é  solitária e tem tudo para ser mal sucedida, o complemento é fraterno e  tem um passado como suporte para evoluir.
Para concluir, é de bom alvitre frisar que a  necessidade compulsória de se constituir instrumentos institucionais, em  vez de ampliar as possibilidades da população, só tem aberto abismos  vulnerabilizadores da cidadania.
Enfim, a incansável promoção da faxionalização institucional da humanidade só tem mostrado que o Homem tem sido incapaz de compartilhar, conviver e dividir.
Antônio Leitão
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