sábado, 24 de setembro de 2011

A farsa do novo

Recuso-me a ser inventor.

Ontem, durante a gravação do meu programa de TV, o entrevistado, um senhor bem vivido e bem sucedido, disse uma frase que me chamou bastante a atenção: "no mundo, não há mais o que inventar".
Confesso ter ficado perplexo por alfuns instantes. Entretanto, mesmo sabendo que o mundo acadêmico é compulsivo por novidades em teses e pesquisas, há uma pergunta que não quer calar: Será que em vez de ficar se tentando, o tempo todo, reinventar as rodas, já existentes há milênios, não seria melhor buscar a efetividade destas, por meio de um aprofundamento aperfeiçoador? Até porque, o tempo tem nos mostrado que a ansiedade tradicional pela busca da posteridade individual tem nos nos dado como consequência, a banalização da originalidade.
Com isso, a criatividade vem perdendo, a cada dia, o brilho consolidador da inedicidade. Mesmo assim, todo dia, a cada hora, todo mundo quer mostrar a qualquer custo, que colocou uma nova receita na praça, apesar de continuar tendo como referenciais máximos, os mesmos ídolos dos avós.
Vale salientar que, quem gosta de receita nova é o impiedoso mercado que, por não fazer milagres nem oferecer almoço de graça, só aceita resultados lucrativos imediatos como ganho irrevogável.
Nunca será demais lembrar que para cada nova receita necessita-se de um novo rótulo para um novo público alvo. Quando na verdade, tudo o que mais se precisa fazer, é aproveitar os escombros do passado para erguer o presente e consolidar o futuro.
Não podemos nos esquecer jamais, de que os velhos trinômios: início-meio-fim, introdução-desenvolvimento-conclusão, etc, mediante uma organização disciplinadamente planejada, serão sempre, parâmetros irreversíveis na efetivação das perspectivas de sucesso em qualquer projeto que tenha como fim, o bem-estar comum.
Do mesmo jeito que é corriqueiro se ouvir de um pai com um filho problemático dizer pra mãe: "cuida do teu filho", se vê muito nos confins desse imenso país, obras inacabadas e abandonadas, à espera do bom senso continuador. O inchaço populacional desorganizado e desordenado das grandes cidades como o DF por exemplo, só ocorreu por causa da criação incontida dos novos acentamentos habitacionais sem qualquer preocupação com a urbanização daqueles, já existentes.
Portanto, se quisermos uma humanidade evoluída e sustentável, teremos que despir-mo-nos das nossas vaidades egocêntricas e ilusórias para nos concentrar na busca consequente da funcionalidade plena dos nossos inventos milenares, através de um constante estudo redimensionador que nos livre da superficialidade e nos conduza à profundidade dos campos de pesquisas.
O mundo não precisa mais de invenções milagrosas; o mundo precisa de soluções operacionais e, enquanto a invenção é solitária e tem tudo para ser mal sucedida, o complemento é fraterno e tem um passado como suporte para evoluir.
Para concluir, é de bom alvitre frisar que a necessidade compulsória de se constituir instrumentos institucionais, em vez de ampliar as possibilidades da população, só tem aberto abismos vulnerabilizadores da cidadania.

Enfim, a incansável promoção da faxionalização institucional da humanidade só tem mostrado que o Homem tem sido incapaz de compartilhar, conviver e dividir.

Antônio Leitão

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